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Nikolas Motta e Filipe Jesus estão passando as férias em Governador Valadares, mas não esquecem dos treinos na academia Top Thai Team, local do início da carreira dos dois atletas.
Nikolas Motta e Filipe Jesus na academia Top Thai Team do professor Alexandre Lanna (foto: Fábio Velame/GV Esportes)
Nikolas Motta e Filipe Jesus são atletas que já extrapolaram as fronteiras de Governador Valadares. Os dois mudaram da cidade natal em 2011, quando surgiu a oportunidade de irem para a Nova União, academia comandada pelo professor e técnico André Pederneiras, no Rio de Janeiro. Atualmente, Nikolas Motta reside nos Estados Unidos e faz parte da equipe American Top Team, enquanto Filipe Jesus continua morando no Rio de Janeiro e segue integrando a equipe Nova União. Ambos estão comemorando a boa temporada que tiveram, além de aproveitar o fim de ano para rever a família e treinar na Top Thai Team, equipe do professor Alexandre Lanna.
Treinos onde tudo começou
Filipe Jesus conta sobre o quão importante é visitar a equipe onde começou a carreira. “É sempre gratificante voltar aqui, pois foi onde tudo começou. Aprendi muito na Top Thai Team, além de ser um local que me sinto bem e tenho a possibilidade de rever os amigos. Mesmo nas férias é um prazer fazer uns treinos com o Xandinho e o Nikolas”, disse.
Nikolas Motta revela o sentimento quando visita a equipe Top Thai Team. “Me sinto em casa, eu cresci aqui, treinava todo dia amarradão e felizão, mesmo debaixo do sol forte de Valadares. Eu amo este lugar, aqui estou com minha família, revendo os amigos de infância e isso é muito bom pra mim”.
A satisfação do professor Alexandre Lanna em rever os pupilos e recebê-los na Top Thai Team é grande. “Muito bacana ver eles aqui na minha academia, é a lealdade que a gente tanto fala, nunca se esquecem da origem e batem na tecla que começaram comigo, mesmo estando em grandes equipes atualmente. Quando estão em Governador Valadares eles passam pela nossa academia e fazem uns treinos. É muito importante ter essas referências, vejo como um incentivo para os meus atuais alunos”, destaca.
Nikolas Motta e Filipe Jesus mesmo nas férias não deixam de treinar (vídeo: Fábio Velame/GV Esportes)
A academia Top Thai Team é o reduto dos dois atletas valadarenses nessas férias (vídeo: Fábio Velame/GV Esportes)
Um pouco do aquecimento antes do treino (vídeo: Fábio Velame/GV Esportes)
Mais uma parte do aquecimento na Top Thai Team (vídeo: Fábio Velame/GV Esportes)
Boa temporada em 2018 de Filipe Jesus
Com duas vitórias no ano, Filipe Jesus considera produtiva a temporada, apesar de algumas lesões que o impediram de participar de outro evento. “No último trimestre de 2017 passei um tempo na Tailândia. Os três meses que fiquei lá, além de treinos consegui fazer algumas lutas. Foi importante esse período e ainda mais lutar no país que é o berço do muay thai, isso só agregou pra mim. Já esse ano comecei a temporada lutando no Shooto 83 no mês de maio e venci a minha luta nos pontos. Até achei que iria ganhar por nocaute, dei um knockdown no meu adversário e continuei indo pra cima batendo forte, mas o juiz não interrompeu a luta e deu sequência ao combate. Depois disso tive uma série de lesões que me impossibilitaram de lutar em outra edição do Shooto realizada no mês de agosto. Depois que me recuperei surgiu a chance de lutar na terceira edição do Skaus Combat, um evento de kickboxing promovido pelos atletas José Aldo e Emerson Falcão. Venci por nocaute e fiquei feliz. As duas vitórias foram importantes na minha carreira, lutei bem nos dois eventos”.
No último compromisso profissional, Filipe Jesus venceu no Skaus Combat 3 (foto: Léo Farias/Léo Farias Photos)
Nikolas Motta buscando espaço nos Estados Unidos
Há quase dois anos nos Estados Unidos, Nikolas Motta logo que chegou no território norte-americano treinou na academia do atleta do UFC, Glover Teixeira, no estado de Connecticut. Depois passou pelo estado de New Jersey convidado por outro atleta brasileiro que está no UFC, Marlon Moraes. Lá permaneceu um bom tempo na equipe RABJJ Academy, que é liderada pelo brasileiro Ricardo Almeida, também conhecido como Ricardo Cachorrão.
De acordo com o jovem atleta valadarense, passou por algumas dificuldades, mas que serviram como um aprendizado. Conheceu três dos maiores pesos leves do mundo, os americanos Frank Edgard e Eddie Alvarez e o brasileiro Edson Barboza, todos atletas do UFC que o ajudaram em sua evolução, além de conseguir aprender o inglês, situação que facilita as coisas para o atleta valadarense.
Depois surgiu a oportunidade de migrar para uma das maiores equipes do mundo, a América Top Team, após convite feito pelos amigos Renan Barão e Jussier Formiga, ambos lutadores do UFC. “Eles sempre me convidaram para ir para a American Top Team. Chegou um tempo que por várias razões achei melhor mudar para Flórida e tomei a decisão de ir para lá, por achar que seria mais produtivo para a minha carreira. Edson Barbosa foi uma das pessoas que me influenciou e me ajudou nesta mudança para Flórida, ele também está atualmente na American Top Team”, disse.
Nikolas Motta venceu na terceira edição do evento 864 Fight Championship (foto: arquivo pessoal Nikolas Motta)
Nikolas Motta fez duas lutas no 864 Fight Championship, evento que é realizado nos Estados Unidos. No mês de julho participou da terceira edição do evento e venceu por nocaute. Já na nona edição realizada no final do mês de novembro, mesmo tendo uma boa atuação, onde chegou a aplicar um knockdown no adversário, acabou surpreendido e foi nocauteado. Apesar do último revés, considerou uma grande oportunidade lutar fora do país. “Estando nos Estados Unidos é bem mais fácil assinar um contrato e existe uma grande chance de você ser contratado. Eu vi em minha ida para lá uma grande oportunidade de dar sequência na carreira, pois entendi que algumas portas estavam se fechando aqui no Brasil. Ainda estou na espera da resposta do green card, mas já tenho permissão para ficar no país, trabalhar e viajar até o ano de 2020”.
Satisfação do formador dos atletas
Alexandre Lanna está muito satisfeito com o desenvolvimento dos dois atletas que foram formados na Top Thai Team. “Fico muito feliz pelos dois atletas, pois batalharam muito, dedicaram tempo da vida e abdicaram de muitas coisas que poderiam fazer quando mais jovens. O Nikolas e o Filipe começaram aqui por volta dos 15 anos e sempre fizeram o melhor deles. Não é surpresa nenhuma o fato deles terem se tornado grandes atletas profissionais. A maior satisfação de um mestre que tem uma equipe é formar campeões e ver os alunos se destacando no mundo das lutas. Eu tive o prazer de formar o Nikolas, que participou do TUF Brasil e hoje está nos Estados Unidos na equipe American Top Team, e o Filipe Jesus, que está na Nova União. Vejo isso como um reconhecimento do meu trabalho, além de ser um reflexo do bom trabalho feito desde o início, fico orgulhoso e satisfeito”.
O professor da Top Thai Team ainda deixou uma dica para a pessoa que quiser começar no muya thai. “É muito importante o aluno matricular em uma escola que tenha um mestre formado para poder passar os fundamentos do muay thai: disciplina, respeito e a técnica propriamente dita, cotoveladas, clinchs, defesas, dentre outros. O muya thai está muito globalizado, está na mídia, vende muito, mas vale destacar que é um esporte único.”, disse.
Próximos desafios
Lutar em outro evento do Shooto e tentar assinar com uma organização maior são os planos de Filipe Jesus. “Para o ano que vem pretendo já lutar em março no Shooto, depois tentar fechar um contrato bom com algum evento maior. Já fiz 13 lutas de MMA, ganhei 10, então tenho uma boa experiência. Já lutei com caras duros e sei onde tenho que melhorar, creio que pra mim só falta uma oportunidade para poder crescer ainda mais”.
Filipe Jesus Maior relata qual é a maior dificuldade que teve nesse período em que saiu da cidade e foi morar fora. “Morar na casa dos pais em Governador Valadares é uma coisa, mas quando você tem que sair e vai para uma cidade grande como é o Rio de Janeiro, a realidade muda totalmente. O nosso esporte é meio difícil, são poucos os empresários que querem abraçar um atleta de MMA. Muitos só têm o interesse de investir em alguém que já tem um nome estabelecido no cenário das lutas, mas quem está apenas começando tem dificuldades de conseguir o apoio. As coisas estão começando a melhorar de pouco a pouco para mim. Atualmente, o Everaldo (Fernando Idiomas) me abraçou e me ajuda mensalmente, isso tem feito muita diferença no meu dia a dia. O esporte falta esse tipo de apoiador, alguém que realmente acredite e invista no atleta”.
Na sequência da carreira dentro no MMA, Nikolas está no aguardo de algumas novidades que podem surgir, sem esquecer de corrigir o erro na última luta. “Não tenho muito segredos, primeiro vou trabalhar para corrigir o erro que cometi e que culminou na minha derrota na última luta. As pessoas sempre dizem que eu tenho um estilo de lutar agressivo, buscando sempre o nocaute, apesar disso considerado arriscado. Eu assinei com um manager muito bom, o americano Oren Hodak, o qual agencia vários lutadores do UFC como Jhonny Hendricks e Joe Lauzon, dentre outros. Ele é muito bom, por isso assinei com ele, pela influência que ele tem consegue fechar lutas para mim com maior facilidade”, finalizou.